Jihadistas tomam a maior cidade cristã do Iraque

Jihadistas tomam a maior cidade cristã do Iraque

Ocupação de quatro localidades provocou a fuga de milhares de pessoas
Ocupação de quatro localidades provocou a fuga de milhares de pessoas
Militantes do Estado Islâmico tomaram nesta quinta-feira (6) Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, e as zonas dos arredores, abandonadas durante a noite pelas tropas curdas, provocando a fuga de dezenas de milhares de pessoas, indicaram nesta quinta-feira (7) testemunhas e um líder religioso. De acordo com a ONU, quase 200 mil pessoas fugiram de suas casas no Norte do Iraque nos últimos dias, em uma “tragédia de proporções imensas”.
“As cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh foram esvaziados e estão agora sob o controle dos militantes”, disse Jospeh Thomas, arcebispo de Kirkuk e Sulaymaniyah.
Qaraqosh está entre Mossul, a segunda maior cidade do país ocupada pelo Estado Islâmico, e Erbil, capital da região autônoma do Curdistão. A localidade tem cerca de 50 mil habitantes, mas nas últimas semanas recebeu inúmeros cristãos expulsos de Mossul.
De acordo com fontes, alguns cristãos fugiram a pé de Qaraqosh. Cruzes foram removidas das igrejas e manuscritos destruídos.
Para o patriarca Louis Sako, da Igreja Caldeia essa é uma situação catastrófica. “Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender o nosso povo. Eles têm que trabalhar juntos, com apoio internacional. Hoje fazemos um chamado com muita dor e tristeza para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia e as organizações humanitárias para ajudarem estas pessoas. Espero que não seja tarde demais para impedir um genocídio”, disse.
Do Vaticano, o Papa Francisco fez nesta quinta-feira um novo apelo à comunidade internacional para proteger a população do Norte do Iraque, segundo seu porta-voz, Federico Lombardi.
União contra Jihadistas
Na quarta-feira, as forças curdas atacaram combatentes do Estado Islâmico a apenas 40 quilômetros ao sudoeste da capital regional curda. O ataque aconteceu após militantes do Estado Islâmico terem imposto uma humilhante derrota aos curdos no domingo, com um rápido avanço contra três de suas cidades, levando o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, a ordenar que a força aérea do país apoiasse pela primeira vez as forças curdas.
O local dos combates coloca militantes do Estado Islâmico mais perto do que nunca da região semi-independente curda desde que os rebeldes avançaram sobre o norte do Iraque e tomaram territórios em junho, quase sem oposição.
Jabbar Yawar, secretário-geral do ministério curdo responsável pelos soldados da região, os chamados combatentes peshmerga, disse que os curdos haviam restabelecido a cooperação militar com Bagdá. Os laços entre os dois lados, a liderança curda e o governo liderado por xiitas, estavam abalados por conta de impasses envolvendo petróleo, orçamentos e território.
Mas a ofensiva no fim de semana pelos militantes sunitas — que tomaram mais cidades, um quinto campo de petróleo e a maior represa do Iraque — levaram ambos a deixarem as diferenças de lado.
“O ministério dos peshmerga enviou uma mensagem para o Ministério da Defesa iraquiano requisitando uma reunião urgente sobre cooperação militar. Os comitês conjuntos foram reativados”, disse Yawar por telefone.
Maior ameaça
O Estados Islâmico, o qual declarou um “califado” em um território que se estende do Iraque até a Síria, e que também ameaça marchar contra Bagdá, representa a maior ameaça para o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA para derrubar Saddam Hussein, em 2003.
Combatentes do Estado Islâmico e seus militantes sunitas e aliados tribais detém partes do oeste do Iraque.
O Estado Islâmico, que considera a maioria xiita do Iraque infiel e por isso deve ser morta, tomou três cidades durante uma ofensiva no fim de semana, incluindo Sinjar, lar de muitos membros da minoria yazidi.
Os yazidis, que são de etnia curda e seguem uma religião antiga advinda do zoroastrismo, correm o risco de serem executados por serem encarados por militantes sunitas do Estado Islâmico como adoradores do demônio.
Yawar disse que 50 mil yazidis estão escondidos em uma montanha, com o risco de morrerem de fome se não forem resgatados em 24 horas.
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Fonte: O Globo

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