Gil Rugai é condenado pelo assassinato do pai e da madrasta Ele foi condenado a 33 anos e 9 meses, mas recorrerá em liberdade. Luis Rugai e Alessandra Troitino foram assassinados em março de 2004.


Cronologia Gil Rugai - V2 (Foto: Arte/G1)

abeas corpus do Supremo Tribunal Federal (STF) para permanecer em liberdade.
Tese da acusação
Os jurados acreditaram na tese do promotor do caso de que Gil matou o casal porque teve medo de que seu pai levasse adiante a ameaça de denunciá-lo à polícia por causa de um desvio de dinheiro ocorrido na produtora da vítima, a Referência Filmes.

O promotor também apontou o que chamou de outras contradições no interrogatório de Gil. Uma delas é sobre o local onde ocorreu uma discussão entre pai e filho dias antes do assassinato. Gil disse que não esteve na produtora do pai. Já em interrogatório prestado anteriormente, afirmou que após jantar com Luis em um restaurante, concluiu a conversa na sede da Referência Filmes.
No mesmo processo pelo homicídio, Gil responde ainda à acusação de ter dado um desfalque de mais de R$ 25 mil, em valores da época, à empresa do pai, razão pela qual havia sido expulso do imóvel cinco dias antes do crime. Ele cuidava da contabilidade da ‘Referência Filmes’.
Tese da defesa
O advogado Thiago Anastácio disse que a acusação tentou criar a imagem de Gil como um psicopata. “Construíram um psicopata. O caso Richthofen não é o caso do Gil”. A afirmação foi feita durante a argumentação da defesa na fase de debates do julgamento.
Durante o debate, os advogados de Gil Rugai apresentaram a linha do tempo que colocaria o réu fora da cena do crime e desqualificaram os depoimentos das testemunhas. “Um analfabeto fala que viu Gil Rugai sair de capa caramelo”, disse Anastácio tentando descredenciar o depoimento do vigia que afirmou ter visto Gil na casa onde ocorreram os crimes.
Durante uma hora e meia, os defensores tentaram plantar dúvidas no júri.  “Temos telefonemas que confirmam que Gil não estava na cena do crime. Às 21h54, um vizinho ligou para o motorista no dia do crime para relatar ter ouvido disparos. Às 22h12, Gil no telefone fixo da produtora dele, ligando para ele. Estava a 4 km de distância. Pergunto: Gil estava na cena do crime?”, afirmou o outro advogado de Gil Rugai, Marcelo Feller.

“E às 22h13, o vizinho liga novamente para o vigia perguntando sobre o barulho. E às 22h14, uma mulher chama a PM. Por que os vizinhos só chamaram a PM 44 minutos depois?”, contou tentando provar que seu cliente não estava presente na casa onde Luis Carlos Rugai e Alessandra Troitino.

Acusação
Durante sua fala, o promotor Rogério Leão Zagallo afirmou que o réu “tem dupla personalidade”. “Tangencia entre a normalidade e psicopatia”, disse o representante do Ministério Público (MP). A Promotoria afirmou ainda que Gil Rugai mentiu no júri ao dizer que não sabia que o pai havia trocado as chaves da produtora Referência Filmes. “A Polícia Civil, Gil havia dito no passado que soube dessa troca. Outras testemunhas, funcionários da empresa confirmaram isso”, disse Zagallo.
       
A tese do promotor é que a troca ocorreu porque o pai de Gil descobriu que o filho fraudou a empresa e não queria ele mais trabalhando nela e morando na mesma casa. Para o MP, Gil matou o casal porque teve medo de seu pai levar adiante a ameaça de denunciá-lo à polícia pelo desvio de dinheiro.
O promotor também questionou os álibis de Gil. O réu afirma que não estaria na cena do crime. “Se assim fosse, a amiga que o viu no Shopping Frei Caneca e a outra pessoa que falou que consertaria o telefone celular dele teriam sido arroladas como testemunhas, mas não foram”.
Outro depoimento apresentado foi o de um funcionário da Referência Filmes, que disse que Gil lhe teria afirmado que gostaria de o pai morto. “Uma funcionária ouviu Gil dizer: ‘eu seria mais feliz se meu pai morresse’”, relatou Zagallo. “Ele também se referiu ao pai como ‘fedido’”.
O objetivo do promotor foi o de tentar traçar o perfil psicológico de Gil. Após isso, começou a comentar as provas do crime, como a arma.

"Nada a ver com aumento de homicídio", diz Arthur Gallas sobre exoneração

A cadeira de diretor do Departamento de Homicídios de Proteção à Pessoa (DHPP) tem novo dono. É o delegado Jorge Figueiredo Júnior, que estava à frente do Departamento de Narcóticos (Denarc).

Ele ocupa o lugar do delegado Arthur Gallas, cuja exoneração foi publicada ontem, no Diário Oficial do Estado. A saída de Gallas foi uma das mudanças feitas pelo governador Jaques Wagner no alto escalão da Polícia Civil e ocorreu dias após os rumores da saída do secretário da Segurança Pública, delegado Maurício Telles Barbosa.

No entanto, Wagner negou o desligamento de Barbosa, na segunda-feira, durante assinatura das ordens de serviço para a restauração de prédios do Corpo de Bombeiros.

Indicação
Gallas foi indicado por Barbosa para o cargo de diretor do DHPP, unidade criada há cerca de dois anos com a proposta de reduzir o número de homicídios no estado. No entanto, o número de assassinatos na capital passou de 1.299, entre janeiro e outubro de 2011, para 1.316, no mesmo período de 2012 — de acordo com o banco de dados da Polícia Civil (PC).

Procurado pelo CORREIO, o delegado Arthur Gallas disse que a sua saída foi um processo natural. “Isso foi uma mudança geral. Nada a ver com questão de aumento de homicídio. Pelo contrário: houve uma redução entre janeiro e fevereiro deste ano de 30%”, declara o delegado. De acordo com o banco de dados da PC, disponível no site da instituição, em janeiro deste ano foram 137 homicídios contra 144 no mesmo período de 2012.

Ainda segundo o delegado, houve um aumentou do número de prisões durante sua gestão à frente do DHPP. “Houve um aumento de representação de mandados de prisão e de busca e apreensão. Em alguns indicadores de 2012, de quase 600%, se comparados com 2011”, afirma.

Gallas disse que sua passagem à frente do DHPP foi proveitosa. “A gente conseguiu estruturar um departamento que não existia. Antes, os delegados investigavam os crimes da forma que entendiam. Criamos o Silc (Serviço de Investigação de Local de Crime),  que permite coletar em menor tempo informações para identificação de culpados, um trabalho em conjunto com a perícia, 24 horas por dia”.



Oxigênio
A assessoria de comunicação da PC informou apenas que as mudanças visam promover a “oxigenação” das áreas — os delegados podem levar a experiência adquirida no antigo cargo para outros setores da polícia.

A segunda mudança no alto escalão da polícia teve como protagonista a delegada Heloisa Campos, que deixou a direção do Departamento de Polícia Metropolitana (Depom)  para assumir com a Corregedoria da Polícia Civil. O Depom fica sob o comando da delegada Iracema Silva, exonerada do cargo de corregedora-chefe da Corregedoria da Polícia Civil.

A delegada Emília Margarida Blanco passou a chefia do gabinete do secretário da Segurança Pública para Gabriela Macedo, que era coordenadora da Superintendência de Inteligência. Emília passa a ser a diretora do Departamento de Crimes contra o Patrimônio (DCCP), em substituição ao delegado Cleandro Pimenta, que não teve o destino divulgado.

O delegado Edenir de Macedo Cerqueira sai do cargo de diretor do Departamento de Polícia do Interior (Depin) e assume a coordenação da Superintendência de Prevenção à Violência. O Depin fica sob a direção do delegado Moisés Damasceno, que era coordenador regional da Polícia Civil. O delegado Evy Paternostro assume a 6ª Coordenadoria de Polícia do Interior (Itabuna). Antes, ele era coordenador regional do Depin.