Ex-guerrilheiras colombianas lutam para recuperar filhos perdidos

Ex-guerrilheiras colombianas lutam para recuperar filhos perdidos

A gravidez é proibida nas Farc, mas, quando acontece, a ordem é entregar os filhos para adoção
A gravidez é proibida nas Farc, mas, quando acontece, a ordem é entregar os filhos para adoção
As guerrilheiras das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) não podem engravidar. Mas, quando isto acontece, elas são obrigadas a entregar os filhos para adoção.
Agora, depois que milhares de mulheres abandonaram o grupo, algumas delas tentam desesperadamente reencontrar estas crianças.
Algumas destas mulheres contaram suas histórias para a BBC. Seus nomes foram mudados para proteger suas identidades.
“Do fundo do meu coração, imploro para que vocês se coloquem no meu lugar. Eu não entreguei minha filha. Eles a tiraram de mim”, disse Teresa, que saiu das Farc há cinco anos.
“Eu tinha 16 anos, eles me obrigaram. Como eu iria enfrentar as Farc sozinha para evitar que eles levassem minha filha se nem mesmo um Exército inteiro consegue (derrotá-los)?”.
As Farc mataram a mãe de Teresa quando ela ainda era criança e obrigaram a menina a se juntar ao grupo. Durante seu tempo nas Farc, ela engravidou.
A ex-guerrilheira explica que a gravidez era considerada insubordinação e crime dentro do grupo. E, em muitos casos, as mulheres eram obrigadas a abortar. Mas, para ela, já era tarde demais quando a gravidez foi descoberta.
Semanas depois do parto, os comandantes de Teresa a obrigaram a assinar um documento para entregar a filha a uma família conhecida deles e o bebê foi levado.
Depois de ser desmobilizada, Teresa começou a procurar pela filha e conseguiu encontrá-la. Agora, a ex-guerrilheira enfrenta uma batalha jurídica para conseguir a custódia compartilhada com a família que criou sua filha.
“Eles colocaram muitos obstáculos em meu caminho para me impedir de vê-la”, disse.
Uma autoridade disse a Teresa que ela não tinha o direito à filha, pois “que tipo de exemplo eu poderia ser para ela, com meu pensamento subversivo”. Mas, a ex-guerrilheira afirma que não pretende desistir.
Outros exemplos
Em toda a Colômbia há mulheres na mesma situação de Teresa, especialmente agora que, segundo as autoridades, cada vez mais rebeldes estão abandonando os grupos de esquerda que lutam contra o governo há meio século.
Segundo números do governo, mais de 56 mil pessoas já abandonaram grupos armados ilegais nos últimos 11 anos, entre eles, quase 7 mil mulheres.
Maria, uma mulher delicada e muito feminina, não parece o estereótipo de ex-guerrilheira. Ela foi recrutada pelas Farc aos 13 anos de idade e, quatro anos depois, engravidou.
“A primeira coisa que pensei quando percebi que estava grávida foi que, obviamente, eu teria que fazer um aborto”, disse.
“Pedi a Deus para não deixar isso acontecer. Para ser honesta, eu queria ter (o bebê). Eu senti esta felicidade quando descobri que estava esperando um bebê. Isto me motivou a esconder minha gravidez”.
Maria conseguiu esconder a gravidez até o sétimo mês. Os comandantes reconheceram que um aborto neste estágio seria arriscado demais, deixaram que ela tivesse a criança e ficasse apenas três meses com ela. Até o momento em que ela teve que entregar a filha.
“Aquela memória está sempre em minha mente. O comandante nos disse que tínhamos que entregá-la, que não tínhamos mais tempo, que tínhamos que nos livrar dela de qualquer jeito.”
Maria entregou a criança para seu parceiro para que ela fosse levada para a casa de uma moradora da região. ”Esperei por ele, de longe, não poderia ir até lá. Chorei por quatro dias. Foi muito difícil. Mas ficar com o bebê e desertar não era uma opção”.
Depois de oito anos com as Farc, Maria decidiu escapar. Ela procura pela filha desde então, mas acredita que ela esteja em uma área ainda controlada pelos rebeldes, onde Maria não poderia ir.
“Falei com a mulher que criou minha filha… e pedi a ela para me deixar vê-la, passar algum tempo com ela. Prometi que não iria tentar levá-la. No começo ela disse sim. Mas depois parou de responder meus telefonemas, desapareceu”.
Mortos?
Autoridades colombianas afirmam que já ouviram falar de casos em que as crianças tiradas das mães foram mortas. Mas, mesmo quando isto não aconteceu, a busca pela criança geralmente é complicada pelo longo período de separação.
E as mulheres frequentemente não sabem onde começar a procurar.
O governo colombiano tem interesse em ajudar estas mães e encontrarem os filhos, pois acredita que isto vai estimular mais pessoas a abandonar as guerrilhas. Por isso, as autoridades tentam levantar informações de ex-membros das Farc e de outro grupo rebelde de esquerda, Exército de Libertação Nacional (ELN).
Carmen, uma enfermeira que trabalhou com as Farc por 20 anos, deixou o grupo em 2008 e começou a procurar pelo filho que nasceu 22 anos atrás. Ela finalmente conseguiu encontrá-lo em 2010.
Quando ela engravidou pela primeira vez ainda era permitido ter filhos no grupo. Mas, ficar com o bebê era impossível. ”Você não pode ir a campo com crianças, elas sofrem mais”, disse.
Os comandantes permitiram que ela ficasse com a criança por 40 dias. Depois disso, ela e o parceiro, outro membro das Farc, entregaram o bebê para uma família em um vilarejo da região.
Carmen conseguiu visitar o filho até ele completar três anos. Então, ela foi transferida para outra região e perdeu o contato.
Mas, com a ajuda de um programa do governo para membros desmobilizados das guerrilhas, Carmen transmitiu uma mensagem em uma rádio para a região onde ela acreditava que o filho vivia. A mensagem chegou até ele e o encontro foi combinado.
“Não conseguia acreditar que estava acontecendo, ou que pelo menos ele estava me aceitando. Um dos meus maiores temores era que ele nunca iria me aceitar, que iria me rejeitar.”
Mas o filho não a rejeitou. Carmen contou à BBC que pediu à família que o criou para nunca esconder quem eram os pais e a razão de ele ter sido deixado com a família.
“Nos abraçamos e choramos por um tempo. Depois disso conversamos um pouco a falamos um para outro como estávamos felizes. Ela me disse que estava muito feliz por ter me encontrado e me pediu para perdoá-la”, disse o filho.
“Falei a ela que não havia nada para perdoar, que eu agradecia pelo que eles tinham feito por mim e compreendia a razão do que eles fizeram… não guardo nenhum ressentimento”, acrescentou.
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Fonte: BBC Brasil

Concurso da Secretaria de Educação de SP pede comprovante de virgindade

Concurso da Secretaria de Educação de SP pede comprovante de virgindade

Seleção pública também exige que mulheres com uma 'vida sexual iniciada' apresentem exames ginecológicos intrusivos
Seleção pública também exige que mulheres com uma ‘vida sexual iniciada’ apresentem exames ginecológicos intrusivos
Luísa*, de 27 anos, nunca imaginou ter de passar por esta situação. Ela precisou comprovar, por meio de um atestado médico, que “não houve ruptura himenal” [ou seja, que não teve seu hímen rompido] para preencher um dos requisitos do concurso público da Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE-SP). Ela é candidata a uma das quase 10 mil vagas para o cargo de Agente de Organização Escolar da seleção pública da SEE-SP.
“Achei um absurdo. Fiquei mais de uma semana decidindo se deveria fazer isso ou não. Na hora em que fui a um consultório para me submeter à análise ginecológica, entrei em pânico. Foi constrangedor explicar para a médica que precisava de um atestado de virgindade para poder assumir uma vaga em um concurso”, diz.
A seleção pública à qual Luísa se refere foi aberta em 2012. Depois de passar pelas provas regulares, ela ficou aguardando sua convocação, o que se deu apenas neste ano. Chamada para a realização dos exames médicos de admissão, Luísa foi surpreendida com um comunicado recente da organização do concurso, onde constavam mais detalhes sobre os exames médicos de admissão solicitados pelo certame.
Publicado em junho, o comunicado, emitido pela Coordenadoria de Gestão de Recursos Humanos da SEE e pelo Departamento de Perícias Médicas do Estado (DPME), traz detalhes sobre testes ginecológicos requeridos às candidatas mulheres.
Para Maria Izabel, da Apeoesp, pedido de atestado é uma “violação” da dignidade da mulher
No documento, há mais informações sobre os exames de colposcopia e o de colpocitologia oncótica, o Papanicolau, exigidos às candidatas. O comunicado informa que mulheres que “não possuem vida sexual ativa, deverão apresentar declaração de seu médico ginecologista assistente”. Dessa forma, com a comprovação de virgindade, estariam isentas da realização dos exames ginecológicos intrusivos, de acordo com confirmação do próprio DPME.
“Só fiquei sabendo disso quando fui convocada para realizar os exames médicos. Antes, não era pedido esse atestado [de virgindade]. O pior de tudo é que todos esses exames são caros e são bancados pelo próprio candidato. Teve gente que pagou mais de R$ 500 pelos exames”, fala Luísa.
Segundo a ginecologista Marcia Terra Cardial, da Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo, os exames ginecológicos solicitados pela SEE servem, por exemplo, para “rastrear mulheres com lesões precursoras do câncer de colo de útero, separando as mulheres normais, daquelas com necessidade de prosseguir a investigação”. No entanto, segundo ela, “dependendo do tratamento, os casos de lesão precursoras de câncer não inviabilizam o trabalho”.
Violação
Solicitados para atestar a saúde dos futuros funcionários públicos, tanto o atestado de virgindade quanto os exames ginecológicos para candidatas com mais de 25 anos ou vida sexual ativa são vistos como uma “violação” da dignidade da mulher, segundo Maria Izabel Noronha, presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp).
“Atestado de virgindade? Por favor! Estamos em pleno século XXI. Querem evitar candidatas doentes? A verdade é que elas entram com saúde e é a falta de condições da rede que as deixam doentes”, diz Maria Izabel, que também é vice-presidente da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação (CNE), órgão consultivo do Ministério da Educação (MEC).
A crítica de Maria Izabel se refere a uma das razões defendidas pelo DPME, quando da exigência de tais exames. Segundo o comunicado, a avaliação médica oficial tem por objetivo identificar patologias que possam vir a provocar “permanência precária no trabalho, com licenciamentos frequentes e aposentadorias precoces”.
Atualmente, a SEE enfrenta o desafio de atenuar as faltas com afastamentos e licenças, por motivos de saúde de professores e técnicos da educação. Só os professores, chegam a faltar, em média, 27 dias por ano.
“Esses exames que pedem não têm nada a ver com a função. Aferir a pressão, apresentar um exame cardiológico pode até ter a ver, mas exames ginecológicos ou atestado de virgindade?”, questiona Luísa.
Como Agente de Organização Escolar, o trabalho de Luísa será dar suporte às atividades pedagógicas e ajudar na supervisão de estudantes na entrada, saída e durante o intervalo escolar. O salário é de cerca de R$ 900 para uma jornada de oito horas diárias.
Deboche
Se já foi complicado para Luísa tomar a decisão de ir adiante com o atestado de virgindade, a apresentação do documento para a perícia foi ainda mais constrangedor.
“Quando apresentei ao médico perito do estado, acho que ele pensou que fosse mentira. A sua assistente olhava de lado como um ar de deboche quando eu disse que ainda era virgem. Não conseguiria passar por isso mais uma vez”, fala Luísa.
Mesmo tendo apresentado o atestado de virgindade, a candidata ainda aguarda resposta definitiva do DPME sobre sua aprovação. A expectativa e que até o dia 14 deste mês o órgão se posicione sobre o seu caso.
“Eu apresentei tudo que deveria apresentar, mas me consideraram inapta. Disseram que não havia apresentado o atestado de virgindade. Entrei com um pedido de reconsideração para que eles analisem a minha situação”, diz.
Governo de São Paulo
Questionada sobre a exigência de tais exames para o cargo em questão e se eventuais candidatas com problemas ginecológicos estariam inaptas ao cargo, a Secretaria de Estado da Educação de São Paulo (SEE-SP) informou que as determinações atinentes aos exames médicos são de responsabilidade do Departamento de Perícia Médica do Estado (DPME).
O DPME, ligado à Secretaria de Gestão Pública, disse que é “absolutamente errado afirmar que é exigido à candidata a cargo público qualquer laudo, ou suposto ‘comprovante de virgindade’ — termo sequer considerado na literatura médica”.
Em nota, o órgão afirmou que “àquelas que ainda não tenham iniciado atividade sexual, é oferecida como alternativa a apresentação de um relatório de seu médico pessoal; e com isso não há a necessidade da realização dos exames”.
O órgão também afirma que os testes solicitados aos candidatos funcionam como medida preventiva. Por fim, segundo o DPME, “todos os candidatos aprovados em concurso, sejam homens ou mulheres, devem passar por uma série de exames, todos previstos em edital, para que comprovem, além de sua capacidade técnica, a capacidade física e mental para exercer o cargo por aproximadamente 25 anos — tempo médio de permanência no estado”.
No entanto, segundo o próprio comunicado emitido pelo órgão, o teste para detecção de câncer de próstata é exigido apenas para homens com mais de 40 anos. Para as mulheres mais velhas, a partir de 40 anos, também é solicitado um exame específico: a mamografia, para identificação de câncer de mama. Para os homens jovens, na mesma faixa etária de Luísa, por exemplo, não são solicitados exames específicos extras.
Secretaria das Mulheres
Consultada, a Secretaria de Políticas para as Mulheres (SPM) da Presidência da República afirma que é “contra qualquer exigência que envolva a privacidade da mulher e reverta em preconceito e discriminação. A mulher tem o direito de escolher se quer fazer um exame que em nada interferirá em sua vida profissional”.
A SPM ainda considera que “a exigência de exames ginecológicos em seleções e concursos é abusiva, pois viola o princípio da dignidade da pessoa humana, consagrado na Constituição Federal de 1988, bem como o artigo que dispõe sobre o Princípio da Igualdade e o Direito a Intimidade, Vida Privada, Honra e Imagem, que proíbe a exigência de atestados de gravidez e esterilização e outras práticas discriminatórias para efeitos admissionais ou de permanência da relação jurídica de trabalho”.
No ano passado, caso parecido ocorreu na Bahia. No concurso para Polícia Civil, também era exigido às candidatas mulheres comprovação de “hímen íntegro”. Contudo, depois da repercussão do caso em todo o país, o governador Jaques Wagner suspendeu tal exigência presente de forma explícita no edital. Há concursos públicos, no entanto, que seguem com tais requisitos de seleção, tidos como padronizados pelas empresas que realizam as seleções públicas.
*Para preservar a identidade da candidata foi utilizado um nome fictício
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Fonte: iG e O Dia

Cuidado: depois do formol, álcool é encontrado em lotes de leite

Cuidado: depois do formol, álcool é encontrado em lotes de leite

Fiscalização do Ministério da Agricultura apurou a presença de álcool etílico em duas cooperativas gaúchas
Fiscalização do Ministério da Agricultura apurou a presença de álcool etílico em duas cooperativas gaúchas
Uma ação de inspeção do Ministério da Agricultura detectou a presença de álcool etílico no leite de duas cooperativas gaúchas: a Santa Clara e Petrópolis. A fiscalização foi feita no dia 24 de junho na Santa Clara e de 15 a 20 de julho na Petrópolis. O álcool é usado na tentativa de ocultar a adição de água, que dá maior volume ao leite. Segundo o Ministério, as quantidades encontradas não representam riscos para a saúde dos consumidores.
As duas cooperativas negam que tenha ocorrido qualquer irregularidade nas fases de recepção, processamento e distribuição do leite e sustentam que isso está comprovado por testes de controle de qualidade que fazem. Mesmo assim, a Petrópolis acatou determinação do Ministério da Agricultura e recolheu os lotes de leite UHT integral L02/2 e L2-3 embalados em 26 de junho, com prazo de validade até 26 de outubro, e de requeijão light L2 fabricado em 30 de junho com validade até 30 de setembro. Além de retirar os lotes do varejo, a cooperativa orientou consumidores que tenham unidades dos produtos em casa a telefonar para seu serviço de atendimento, anunciado que enviará funcionários ao endereço informado para efetuar a troca por leite e requeijão de outros lotes.
No caso do leite pasteurizado da Santa Clara, ainda não está informado se o volume colocado sob suspeita pelo Ministério da Agricultura foi descartado ou enviado ao mercado. Neste caso, não haveria como fazer recall porque o produto dura poucos dias e já teria sido consumido. A cooperativa reiterou, por nota, que submete toda a matéria-prima que recebe a análises, tanto nos postos de captação quanto na indústria. Como não tem registros de presença de álcool etílico no leite, anunciou que pedirá esclarecimentos ao Ministério da Agricultura.
No final da tarde desta terça-feira (5), o Ministério Público do Rio Grande do Sul convocou as cooperativas a prestarem esclarecimentos na sexta-feira sobre a contaminação de lotes de leite por álcool etílico. O objetivo do MP é investigar se a adulteração foi feita por entregadores ou nas unidades das próprias cooperativas, e se foi acidental ou proposital. Caso tenha sido intencional, o MP afirmou que vai investigar toda a cadeia, do produtor à entrega para o varejo.
Operação
O Ministério Público gaúcho desencadeou em maio a Operação Leite Compensado, com o cumprimento de nove mandados de prisão e treze de busca e apreensão nas cidades de Ibirubá, Guaporé e Horizontina, após apurar a contaminação do leite fabricado por cooperativas gaúchas. A ação constatou que uma das formas de fraude identificadas é a da adição de uma substância semelhante à ureia, e que tem formol em sua composição, na proporção de 1 kg deste produto para 90 litros de água e mil litros de leite. A adulteração consiste no crime hediondo de corrupção de produtos alimentícios, previsto no artigo 272 do Código Penal. A simples adição de água, com o objetivo de aumentar o volume, acarreta perda nutricional, que é compensada pela adição da ureia – produto que contém formol em sua composição – e é considerado cancerígeno pela Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer e pela Organização Mundial de Saúde (OMS).
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Fonte: Veja

Jihadistas tomam a maior cidade cristã do Iraque

Jihadistas tomam a maior cidade cristã do Iraque

Ocupação de quatro localidades provocou a fuga de milhares de pessoas
Ocupação de quatro localidades provocou a fuga de milhares de pessoas
Militantes do Estado Islâmico tomaram nesta quinta-feira (6) Qaraqosh, a maior cidade cristã do Iraque, e as zonas dos arredores, abandonadas durante a noite pelas tropas curdas, provocando a fuga de dezenas de milhares de pessoas, indicaram nesta quinta-feira (7) testemunhas e um líder religioso. De acordo com a ONU, quase 200 mil pessoas fugiram de suas casas no Norte do Iraque nos últimos dias, em uma “tragédia de proporções imensas”.
“As cidades de Qaraqosh, Tal Kaif, Bartela e Karamlesh foram esvaziados e estão agora sob o controle dos militantes”, disse Jospeh Thomas, arcebispo de Kirkuk e Sulaymaniyah.
Qaraqosh está entre Mossul, a segunda maior cidade do país ocupada pelo Estado Islâmico, e Erbil, capital da região autônoma do Curdistão. A localidade tem cerca de 50 mil habitantes, mas nas últimas semanas recebeu inúmeros cristãos expulsos de Mossul.
De acordo com fontes, alguns cristãos fugiram a pé de Qaraqosh. Cruzes foram removidas das igrejas e manuscritos destruídos.
Para o patriarca Louis Sako, da Igreja Caldeia essa é uma situação catastrófica. “Tanto o governo como as autoridades curdas são incapazes de defender o nosso povo. Eles têm que trabalhar juntos, com apoio internacional. Hoje fazemos um chamado com muita dor e tristeza para o Conselho de Segurança das Nações Unidas, a União Europeia e as organizações humanitárias para ajudarem estas pessoas. Espero que não seja tarde demais para impedir um genocídio”, disse.
Do Vaticano, o Papa Francisco fez nesta quinta-feira um novo apelo à comunidade internacional para proteger a população do Norte do Iraque, segundo seu porta-voz, Federico Lombardi.
União contra Jihadistas
Na quarta-feira, as forças curdas atacaram combatentes do Estado Islâmico a apenas 40 quilômetros ao sudoeste da capital regional curda. O ataque aconteceu após militantes do Estado Islâmico terem imposto uma humilhante derrota aos curdos no domingo, com um rápido avanço contra três de suas cidades, levando o primeiro-ministro do Iraque, Nouri al-Maliki, a ordenar que a força aérea do país apoiasse pela primeira vez as forças curdas.
O local dos combates coloca militantes do Estado Islâmico mais perto do que nunca da região semi-independente curda desde que os rebeldes avançaram sobre o norte do Iraque e tomaram territórios em junho, quase sem oposição.
Jabbar Yawar, secretário-geral do ministério curdo responsável pelos soldados da região, os chamados combatentes peshmerga, disse que os curdos haviam restabelecido a cooperação militar com Bagdá. Os laços entre os dois lados, a liderança curda e o governo liderado por xiitas, estavam abalados por conta de impasses envolvendo petróleo, orçamentos e território.
Mas a ofensiva no fim de semana pelos militantes sunitas — que tomaram mais cidades, um quinto campo de petróleo e a maior represa do Iraque — levaram ambos a deixarem as diferenças de lado.
“O ministério dos peshmerga enviou uma mensagem para o Ministério da Defesa iraquiano requisitando uma reunião urgente sobre cooperação militar. Os comitês conjuntos foram reativados”, disse Yawar por telefone.
Maior ameaça
O Estados Islâmico, o qual declarou um “califado” em um território que se estende do Iraque até a Síria, e que também ameaça marchar contra Bagdá, representa a maior ameaça para o Iraque desde a invasão liderada pelos EUA para derrubar Saddam Hussein, em 2003.
Combatentes do Estado Islâmico e seus militantes sunitas e aliados tribais detém partes do oeste do Iraque.
O Estado Islâmico, que considera a maioria xiita do Iraque infiel e por isso deve ser morta, tomou três cidades durante uma ofensiva no fim de semana, incluindo Sinjar, lar de muitos membros da minoria yazidi.
Os yazidis, que são de etnia curda e seguem uma religião antiga advinda do zoroastrismo, correm o risco de serem executados por serem encarados por militantes sunitas do Estado Islâmico como adoradores do demônio.
Yawar disse que 50 mil yazidis estão escondidos em uma montanha, com o risco de morrerem de fome se não forem resgatados em 24 horas.
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Fonte: O Globo